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Revista Redes 51– ISSN 1851-7072
As máquinas fornecem o movimento automático na produção industrial que
permitiriam uma produção contínua e ininterrupta não fosse as limitações
naturais – necessidades físicas e a própria vontade – dos seres humanos
designados a operá-las. Entretanto, quanto maior o tempo de funcionamento
ininterrupto da máquina, maior o número de produtos aos quais o valor
transferido por ela será dividido. Portanto, menor o valor adicionado à cada
mercadoria individualmente. Dessa maneira, mais se sobra enquanto mais-valor
ao capitalista. Aumentar o número de trabalhadores, porém, exige da fábrica um
aumento também no seu investimento em maquinaria e espaço físico, enquanto
o prolongamento da jornada de trabalho dos trabalhadores existentes não
demanda tais movimentações (Marx, 1975). No momento em que o
prolongamento da jornada de trabalho é impedido, por meio de regularizações
que estabelecem uma quantidade máxima de horas de trabalho, dá-se lugar a
um processo de intensificação deste mesmo trabalho, com vistas a produzir
ainda mais no tempo agora limitado pela lei (Marx, 1975).
Na descrição da fábrica, Marx (1975) afirma que, para que a maquinaria opere em sua
potência máxima, exige-se do trabalhador uma subordinação técnica, disciplina
e regularidade nos hábitos de trabalho que não eram presentes na produção
artesanal de mercadorias. Os trabalhadores precisavam, então, de toda uma
mudança de hábitos para se adequarem às máquinas.
Neste sentido, segundo Thompson (1998), no controle do trabalho dentro do sistema
capitalista, a sincronização é elemento importante para a atenção ao tempo
necessário para que o trabalho seja feito. Enquanto a manufatura ainda era
desenvolvida em um sistema domiciliar e o sistema de trabalho orientado por
tarefas era dominante, esta necessidade não se dava da mesma forma, o que
criava padrões de trabalho irregulares organizados pelo próprio trabalhador e,