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Revista Redes 52 – ISSN 1851-7072
“sociais” e “naturais”, políticos e técnicos (daí também um dos sentidos de
“mediação”, as vezes utilizado como sinônimo de tradução).
Para a TAR, todo ator é em si um “ator-rede”. Isso quer dizer que nenhum
ator age sozinho, há sempre uma rede de atores conectada a este ator, dando-
lhe apoio, legitimidade, poder, influenciando suas ações, etc. Como Law (1999)
aponta, os atores são na verdade efeitos da rede. Ou ainda, “uma rede de atores
é simultaneamente um ator, cuja atividade consiste em fazer alianças com novos
elementos, e uma rede, capaz de redefinir a transformar seus componentes”
(Callon, 1987, p. 93). Segundo Latour, “O ‘ator’, na expressão hifenizada ‘ator-
rede’, não é a fonte de um ato e sim o alvo móvel de um amplo conjunto de
entidades que enxameiam em sua direção” (Latour, 2012, p. 75). Ao mesmo
tempo, essa rede só existe enquanto um movimento, circulação de atores e
ações ou, “mediações”.
É importante salientar que para Latour (1994; 2000; 2012) não existem as
tais entidades “sociedade” (palco da política, representações, linguagem,
disputas, interesses, etc) e “natureza” (lugar das “coisas-em-si”, objeto por
excelência das ciências, lugar separado das representações humanas onde as
coisas existem e seguem leis independentes da nossa vontade). Segundo o
autor, essas entidades não passam de representações criadas pelos modernos
como resultado de um processo de idealização e purificação dos fenômenos. Na
prática, tudo seria resultado de uma intensa mistura entre pessoas, interesses,
conhecimentos, atores não-humanos, disputas, padronizações, representações,
tecnologias, etc. A esse processo, que envolve sempre uma combinação de
elementos heterogêneos, e que lentamente vai se estabilizando por meio das